segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Está prevista para quinta-feira a divulgação do Plano Nacional de Defesa

A alta popularidade leva ao continuísmo

BRASÍLIA – A mais recente pesquisa Datafolha confirma que nenhuma crise pega no presidente Lula. Afinal, 70% dos consultados consideraram o governo bom ou ótimo. Importaram menos as trapalhadas de certos ministros. Sequer a inação de uns e a incompetência de outros foram lembradas pela inquestionável maioria dos consultados, que centraram suas opiniões na pessoa do presidente.

Os números costumam não mentir e a pergunta que se faz é se essa avalancha de aprovação poderá ser transferida em 2010 para a ministra Dilma Rousseff. Porque a chefe da Casa Civil continua recebendo índices minguados de preferência. Nas eleições municipais, o Lula não conseguiu passar para os candidatos do PT nem a metade de sua popularidade. Perdeu em Porto Alegre, São Paulo, Rio, Salvador e quantas outras capitais e grandes cidades?

Negue quem quiser, mas a elevação dos percentuais de preferência do companheiro-mor trabalha em favor de sua permanência no governo. Basta conversar com líderes e dirigentes do PT para sentir o crescimento da hipótese da prorrogação ou, mesmo, do terceiro mandato. Só do PT? Nem pensar. Toda a base aliada, com o PMDB à frente, treme de medo diante da hipótese de entregar o poder a José Serra. A pesquisa demonstra estar a opinião pública flexibilizada para aceitar mudanças nas regras do jogo, por mais abomináveis que sejam. De banqueiros a beneficiários do Bolsa-Família, de políticos a sindicalistas, poucos reagirão, quando chegar a hora. Quem viver,verá...
Não está nem aí...

O segredo da popularidade do presidente Lula pode muito bem estar na sua capacidade de não perceber lambanças acontecidas à sua volta. Apesar de parecer difícil, por exemplo, ignorar a artilharia pesada que vem trocando os ministros da Agricultura e do Meio Ambiente. Por conta de alterações previstas no Código Florestal, Reinhold Stephanes declara que o ministério do Meio Ambiente é incompetente. Não dá para traduzir de outra forma: o ministro também.

Carlos Minc replica acentuando que o ministro da Agricultura é descompensado. Qualquer que seja o sentido da palavra, trata-se de agressão pura.

Stephanes acusa o companheiro de pretender erradicar metade da cultura cafeeira no estado de Minas. Minc sugere que o colega deseja dilapidar todas as florestas nacionais.

O presidente Lula parece não estar nem aí para a tertúlia, a menos que ainda hoje recupere o tempo perdido. Estivesse Itamar Franco no palácio do Planalto e os dois ministros já teriam sido demitidos.
Na contramão das elites

No apagar das luzes do ano legislativo o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, conseguiu aprovar projeto de sua autoria concedendo estabilidade no emprego, por um ano, para o marido ou companheiro de mulher grávida. Nada mais justo, socialmente, porque nesses tempos bicudos de desemprego, é crueldade ser mandado embora às vésperas do nascimento de um filho.

Associações patronais reagiram de imediato. Contestam a estabilidade alegando ser hora de supressão das leis trabalhistas, não de seu incremento.

O projeto vai ao Senado, parecendo óbvia a posição do governo, contra o benefício. Seria bom lembrar que durante quase toda sua vida operária, o presidente Lula gozou de estabilidade, como líder sindical. Já os que não dirigem sindicatos...
Desta vez sai o plano?

Está prevista para quinta-feira a divulgação do Plano Nacional de Defesa, obra feita a quatro mãos pelos ministros da Defesa, Nelson Jobim, e do Futuro, Mangabeira Unger. Por duas vezes o presidente Lula devolveu os originais, exigindo retificações. Pode ser que desta vez conheçamos o que o governo propõe em termos de estratégia de defesa. Existem sinais de cuidados especiais para com a indústria bélica, setor que já lideramos no Terceiro Mundo e que depois acabou desfeito por pressão das grandes potências. Até tanques chegamos a produzir, disputando com os similares americanos e russos.

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