domingo, 10 de junho de 2007

EXÉRCITO BRASILEIRO FINCA O MARCO INICIAL DAS OBRAS DA TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Coube ao Exército Brasileiro, em prosseguimento ao desempenho de seu papel social, a instauração do marco inicial da monumental obra de transposição das águas do Rio São Francisco, que além de colocar um paradeiro na chamada indústria da seca que durante decênios foi um sorvedouro de verbas públicas, esta realização é passível de provocar o crescimento econômico de vários Estados do Nordeste Brasileiro e a melhoria da qualidade de vida de grande faixa da população nordestina.

A jornalista MARTA SALOMON, enviada especial da Folha de São Paulo a Cabrobó (PE), em trecho da matéria elaborada, assim descreve o memorável acontecimento:

"Obra no São Francisco começa com 50 homens e R$ 5 bilhões de gasto

Em meio a mandacarus, coroas de frade e outras plantas espinhosas da caatinga, o sargento topógrafo Hayud Farah seguiu as coordenadas do satélite e marcou o lugar onde o Exército erguerá, nos próximos meses, um paredão do tamanho de um prédio de sete andares da barragem de Tucutu.

Deu-se assim, na manhã da última terça-feira, o início oficial da polêmica obra de transposição do rio São Francisco, obra de mais de R$ 5 bilhões a ser financiada com dinheiro dos impostos.

O marco foi feito a oito quilômetros das margens do São Francisco, em Cabrobó (PE).

Do trecho onde o rio faz uma curva, sairá um dos dois canais de concreto que vão desviar parte das águas do São Francisco por centenas de quilômetros, para os Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

No caminho, nove estações de bombeamento vão erguer as águas a uma altura de até 300 metros.

Na coordenação-geral do projeto, em Brasília, o engenheiro Rômulo Macedo considera "pouco provável" que a obra pare depois de tantos problemas que enfrentou até começar a sair do papel.

Ele não descarta, porém, contestações e eventuais atrasos na superlicitação em curso, de R$ 3,3 bilhões, para a escolha das empresas privadas que farão a maior parte da obra, nem o risco de que a obra se torne, no futuro, um "elefante branco".

"Tudo está programado para que o eixo Leste seja inaugurado já neste governo e que o eixo Norte, maior, chegue a 2010 com parte funcionando, para se tornar irreversível", disse Macedo.

O objetivo é evitar que o sucessor de Lula interrompa o projeto."

(...) Grandes obras

"Essa cena vai para o museu", comentou o sargento topógrafo Farah sob o sol forte.

Ele faz parte de uma equipe inicial de 50 homens deslocados do 2º batalhão de engenharia do Exército, sediado em Teresina.

O grupo, que alcançará 200 homens nos próximos meses, montou acampamento em Cabrobó na segunda-feira.

Outro destacamento, saído de Picos (PI), chegará amanhã ao município de Floresta, também em Pernambuco.

As escavações devem começar dia 25.

O Exército cuidará da primeira parte da obra: construirá os dois pontos de captação das águas - nos municípios de Cabrobó e Floresta - e quase oito quilômetros de canais entre as margens do rio e as primeiras estações de bombeamento, além das primeiras barragens da transposição.

Dividido em 14 lotes, o restante da obra será tocado por empresas privadas.

No meio da área da caatinga que será desmatada em breve, os militares compararam a transposição a grandes obras que o país teve nos anos 70, como a Transamazônica, a hidrelétrica de Itaipu e a ponte Rio-Niterói.

O batalhão responsável pela primeira etapa das obras da transposição ganhou o nome de Pedro 2º.

Uma homenagem ao imperador que patrocinou a primeira idéia de desviar águas do São Francisco."

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