terça-feira, 17 de junho de 2008

Ministro da Justiça, Tarso Genro, concorda com Lula sobre o despreparo dos militares para atuar na segurança pública

Tarso Genro diz que militares não são aptos para atuar na segurança pública

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta terça-feira que os militares não são aptos para atuar na segurança pública.

Para o mininistro, a demonstração da inaptidão foi o episódio envolvendo 11 militares do Exército, suspeitos de participarem da morte de três jovens do morro da Providência, centro do Rio, no sábado (14). Os militares --entre eles um tenente-- estão presos deste ontem (16).

"Isso comprova uma visão, que é a visão do presidente Lula, de que as Forças Armadas não são aptas para tratar da segurança pública", afirmou Tarso. "No caso concreto, elas [Forças Armadas] não estavam fazendo o trabalho de segurança pública, mas dando proteção aos trabalhadores."

O ministro disse ainda que todas as providências para punir os responsáveis pelo crime serão tomadas pelas Forças Armadas. "A finalização [do que ocorreu] é altamente negativa e as Forças Armadas vão tomar todas as providências para punir os responsáveis", disse.

Tarso afirmou também que o Exército continuará atuando no Rio sempre que for necessário, em outras atividades. "Temos contingente, temos condições operacionais, basta pedir. [Temos] disposição operacional e excelente relação com as autoridades de segurança pública", afirmou o ministro.

Crime

David Wilson Florêncio da Silva, 24, Wellington Gonzaga Costa, 19, e Marcos Paulo da Silva, 17, foram entregues pelos militares aos traficantes do morro da Mineira, controlado pela facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos), rival do CV (Comando Vermelho), que controla o morro da Providência.

Os corpos dos rapazes foram encontrados no dia seguinte, no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (Grande Rio).

O Exército deteve o grupo devido a um suposto desacato. Os três foram levados a um oficial, que determinou a liberação deles. Segundo a Polícia Civil, o tenente Vinícius Ghidetti de Moraes Andrade, não ficou satisfeito e resolveu entregá-los aos traficantes do morro da Mineira.

Investigação

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, assim como o comandante do Exército, Enzo Peri, estão no Rio para acompanhar de perto as investigações sobre a ação dos militares.

Hoje pela manhã, Peri e o chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, general Mário Matheus de Paula Madureira, se reuniram com as famílias dos jovens mortos e pediram desculpas às mães dos rapazes.

O Exército ocupa o morro da Providência para acompanhar a execução do projeto Cimento Social, que é de sua responsabilidade. As obras são realizadas em esquema de mutirão pelos moradores da favela e são monitoradas pelo Exército, responsável também pela segurança do projeto.

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