sábado, 5 de abril de 2008

Lacerda: Jogaram o povo contra o Exército e o Exército contra o povo


Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA 5 de abril de 1968:

Novas atrocidades e mais de 600 prisões

Mais de seiscentas pessoas foram levadas ontem para o Forte de Copacabana, ao deixarem os cinemas da Zona Sul. A onda recorde de prisões começou no Cine Metro, onde o público vaiou o documentário oficial do governo. O gerente chamou a Polícia e provocou a expedição militar. Essas medidas repressivas culminaram numa série de violências, iniciadas às portas da Candelária, logo após a missa (às 11:30 horas), celebrada em sufrágio da alma de Édson Luís de Lima Souto.

Após uma tarde marcada por movimentação de tropa e o espetáculo do aparato militar nas principais ruas e praças da cidade, bombas de gás lacrimogênio, carga de cavalaria e a ação dos cassetetes voltaram à Praça Pio X, onde o dispositivo policial militar voltou a se atirar sobre os estudantes que deixavam a nave da Igreja, após a segunda missa por seu colega morto, protegidos por 12 dos 17 sacerdotes que haviam coadjuvado d. José de Castro Pinto, arcebispo-auxiliar do Rio de Janeiro.

Pouco antes, a Rádio Jornal do Brasil havia sido retirada do ar. Hoje é feriado escolar em toda a Guanabra. Em São Paulo, o bispo de Santo André saiu à frente da passeata dos 100 mil. A situação continua tensa em Brasília. Mas o governo desistiu, em princípio, da adoção do estado de sítio.

Lacerda: Jogaram o povo contra o Exército e o Exército contra o povo

"Conseguiram fazer exatamente o que eu temia; jogar o povo contra o Exército e o Exército contra o povo" - disse o ex-governador da Guanabara, sr. Carlos Lacerda, ao comentar os últimos incidentes entre estudantes e as Forças Militares estaduais e federais. E acrescentou somente um milagre democrático poderá unir novamente as Forças Armadas ao povo".

Referindo-se à posição do governo federal em conter, pela força, as reivindicações estudantis, salientou o sr. Carlos Lacerda que "enquanto nos Estados Unidos, Lindon Johnson, cede na França, De Gaulle cedeu no caso da Argélia - na Tcheco-Eslováquia, os comunistas também cedem, no Brasil, o governo do marechal Costa e Silva responde às justas reivindicações não só do povo como também de todos os brasileiros, com balas de fuzis e violências de todas as ordens".

Seleção-força no Paraguai

São Paulo (Sucursal - S. Press) - Os paraguaios querem jogar com a Seleção Brasileira pela "Taça Osvaldo Cruz" no correr do mês de agosto, isto é, dentro da segunda quinzena. As duas preferidas são quinze e dezoito. O coronel Fernando Decamille presidente da Liga Paraguaia de Futebol, que acompanha a delegação do Guarani, que está disputando a "Libertadores da América", no grupo dois, e que jogou na noite de ontem, contra o Palmeiras, contou aos repórteres, que os seus entendimentos com o presidente da CBD, sr. João Havelange, já vão adiantados e parecem acertados.

Deseja o coronel Decamille, que o Brasil se apresente com a sua força máxima na próxima disputa, pois os paraguaios desejam ver os cobras da Seleção Nacional, mormente, porque ela será uma idéia da força brasileira para a Copa do Mundo de 1970.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial