Petrobras: Símbolo da luta dos militares pela emancipação econômica do Brasil
|
(Por Voltaire Schilling)
O dia 3 de outubro de 1953, data da fundação da Petrobrás, é entendido pelos nacionalistas brasileiros como uma data tão importante quanto o sete de Setembro. Ela assinalou o começo da emancipação econômica da nação brasileira, por ter sido o momento em que lançaram-se as bases do controle nacional, via monopólio estatal, de um produto fundamental para o desenvolvimento do país: o petróleo. Considerado um mineral estratégico, desde a década de trinta do século XX, os militares brasileiros assumiram uma posição chave na decisão final de manter as lavras do ouro negro sob o controle do estado.
O papel do General Horta Barbosa
|
General Horta Barbosa (1881- 1965) |
General Horta Barbosa, conferência no Clube Militar, 1947
Com o aumento vertiginoso das tensões políticas no final dos anos trinta do século XX , a perspectiva da eclosão de uma nova guerra mundial, colocou a questão do petróleo na ordem do dia para as autoridades brasileiras. O general Gois Monteiro, então chefe do estado maior das Forças Armadas na vigência do regime do Estado Novo, entre os estudos e avaliações que encomendara, recebeu, em 1938, um relatório que muito o impressionou. O autor era o general Horta Barbosa, o qual, segundo um levantamento que fizera, caso ocorresse uma guerra, escreveu que o Brasil contaria com combustível suficiente somente para algumas semanas. Bloqueado ou cortado o suprimento, num só golpe, o país podia ver-se de joelhos, paralisado ou constrangido a recorrer ao carro-de-boi.
Uns anos antes, em 1936, esse mesmo general enviara ao general Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra, um memorial intitulado “O Petróleo e a Defesa Nacional” , no qual solicitava a presença de um técnico (sic) para realizar pesquisas no Mato Grosso, porque, segundo ele, era o momento de por de lado os “lirismos” a respeito das potencialidades do Brasil e dar um real impulso aos projetos que visavam a prospeção das possíveis lavras de petróleo.
O quadro era desanimador para os brasileiros. Havia uma inconformidade generalizada com o fato de que, até então, num território que se entendia tão pródigo, não ter-se ainda encontrado nada de relevante naquela questão. Acharam petróleo no México, na Venezuela, na Colômbia, no Equador, na Argentina e até no pequeno Uruguai, mas de significativo nas terras brasileiras. O constrangimento era coletivo. Foi assim, por causa da proximidade da guerra, que o petróleo virou item importante da Segurança Nacional.
O cenário nacionalista
|
|
|
A primeiro ação neste sentido foi dado pelo Uruguai, em 1931, quando fundou-se ANACAP, a empresa estatal encarregada do petróleo local, seguido, em 1932, pela YPF (Yacimientos Petroliferos Fiscales) da Argentina. O fato mais espetacular que ocorreu naquela década deu-se no México, em 1938, quando o presidente general Lázaro Cárdenas, respaldado por um amplo movimento popular, nacionalizou, por meio da lei de Expropriación Petrolera, em março de 1938, a rede de poços de petróleo que estavam nas mãos de companhias norte-americanas, criando a PEMEX (Petróleos Mexicanos) para gerenciá-los.
A política de nacionalizações desencadeada pelos governos latino-americanos desagradou os norte-americanos, pois, desde 1926, o setor federal encarregado de orientar a política petrolífera, recomendara, por motivos estratégicos, a necessidade dos Estados Unidos controlarem as lavras de ouro negro dos outros países. Os agentes da Standard Oil, o grande truste petrolífero de John D. Rockefeller, como o geólogo-chefe Wallace E.Pratt, eram os mais enfáticos na defesa da posição americana e, naturalmente, tornaram-se os mais odiados pelos latino-americanos que os viam como meros tentáculos do cobiçoso polvo do Norte.
No Brasil nada disso se deu naquela ocasião em função de nunca ter-se, até então, encontrado algo relevante. O máximo de atitude que tomou-se foi criar a CNP (Conselho Nacional do Petróleo) e colocar o general Horta Barbosa na presidência dele. No Brasil, a batalha pelo petróleo foi postergada para o final da década de 40, começo dos anos 50.Educação › História por Voltaire Schilling › Brasil
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/brasil/2003/10/01/001.htm
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial