sábado, 23 de abril de 2011

Memória Viva apresenta - O Cruzeiro - 15 de outubro de 1960

Discurso a um ausente
O Embaixador Assis Chateaubriand, amante dos contrastes, designou o jornalista David Nasser, da direção de O Cruzeiro, para saudar o Marechal Lott, no almôço que esta Revista oferecia ao candidato pessedista, e que, por motivo de saúde do homenageado, não se realizou. O discurso, porém, estava pronto. Ei-lo, na íntegra, como seria lido.

SENHOR Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, candidato à Presidência da República, hóspede desta casa que se abriu, não para receber os homens em luta, mas aquêles que, na luta eleitoral, buscam, principalmente, o fortalecimento da democracia.

Candidato Lott, pediu-me o Dr. Assis Chateaubriand, que é homem de partido, que o saudasse como a um hóspede de O Cruzeiro. Chateaubriand queria, assim, demonstrar sua fidelidade partidária e, ao mesmo tempo, pôr à prova a minha disciplina associada e a minha imparcialidade de jornalista. Êle sempre adorou essas terríveis experiências humanas.
- Mas, meu Capitão - disse-lhe eu, ontem, à noite - , não sou homem para discursos.
Êle me respondeu:
-Nem o Lott também.

E ACRESCENTOU, depois:
- Vocês terão um duelo equilibrado. Enquanto Lott faz a história com a sua espada de gendarme da ordem, você a escreve com a indisciplina que é filha natural da liberdade. Sei que nenhum dos dois é Cícero. Mas ambos podem fazer discursos apenas para serem publicados.

ACONTECE, Senhor Teixeira Lott, que, se é verdade que o não desejo julgar como candidato, em respeito à neutralidade que aquêle que faz a notícia deve guardar, principalmente quando está oferecendo um banquete a essa notícia, eu o posso julgar como homem, como cidadão e como seu contemporâneo.
CANDIDATO Lott, o seu antigo camarada Canrobert, quando cogitaram também do seu nome para um pleito presidencial, dizia que um civil pode ser, muitas vêzes, legítimo candidato militar e um militar, outras vêzes, é apenas um candidato civil. Desejo deixar, aqui, o meu testamento da linha imparcial que o senhor conservou no seu tempo de chefe do Exército, linha essa que o seu sucessor, Marechal Denys, manteve inalterável.
O EXÉRCITO não apenas se afastou das lutas políticas, mas possibilitou o livre exercício da democracia, através do debate. Isto fêz com que o Brasil se tornasse mais adulto, mais nação e nós, mais brasileiros.
O EXÉRCITO permitiu que o diálogo de hoje sucedesse ao monólogo de ontem. Hão de dizer que, se o General Lott tivesse cedido à ambição usurpadora, chocar-se-ia contra o obstáculo intransponível dos seus comandados.
OS céticos hão de dizer que o General Lott recusou um cetro que não estava a seu alcance, porque o amor da liberdade e da pátria empolgava o Exército Brasileiro, que se transformou completamente, que já não era daqueles Exércitos Políticos de baionetas voltadas para dentro das próprias fronteiras.
HÃO de dizer que o mérito do General Lott foi o de recusar o impossível, numa hora grave da nacionalidade. Mas - aqui fala o repórter de fatos - o impossível não era tão impossível assim. Havia uma dualidade de interpretações, tôdas elas rotuladas de democráticas. Maioria absoluta, eleição indireta etc. Bastaria a omissão do Exército para que da dúvida se passasse à ação. O Exército do General Lott, entretanto, considerou aquela luta civil como essencial à legalidade e não se ausentou. Manteve o texto da Lei. Garantiu a posse do eleito.
HÃO de dizer que, afastando a coroa da sua cabeça, num instante em que tinha ao alcance das suas mãos as liberdades do País e poderia, talvez, improvisar-se em ditador do mais legítimo sombrero latino-americano, o então General Lott fazia conjeturas, alimentava esperanças, acariciava sonhos e, neste sentido, preservava as liberdades democráticas de que iria utilizar-se depois para eleger-se como governante autêntico. Pensar nisso seria atribuir dons proféticos a alguém que, na infantaria política, sempre caminhou sôbre realidades às vêzes duras demais até para um infante de profissão.
O HOMEM que garantiu a aplicação da Lei, hoje se beneficia do direito de ser candidato. O Marechal do Exército é apenas o soldado raso do voto.
SABE que não corre sòzinho no pleito democrático, êle que o poderia ter feito isolado, na solução ditatorial.
SABE que as chances de vitória são iguais, na insondabilidade das urnas, no mistério do pleito, iguais às possibilidades dos outros.
A HOMENAGEM que presto ao cidadão Teixeira Lott é a de ter aceito a loteria do voto, a contingência eleitoral, talvez por estar certo, como todos nós, liberais democratas, que um govêrno sem contrários, um candidato sem concorrentes, seria o mesmo que um atleta disputando uma prova sem adversários, correndo sòzinho na arena, sem que a sua vitória pudesse ser valorizada pela emulação, engrandecida pelo maior esfôrço, estimulada pela competição.
O MARECHAL Lott despiu o seu velho dólmã, tirou as suas platinas, pôs um boné na cabeça, enrolou um xale no pescoço e veio molhar-se na chuva brasileira, veio disputar a vitória legítima, veio cair do palanque, veio fortalecer a democracia.
SE perder, saberá, como bom desportista, que o que mais valoriza o homem não é a vitória, mas a luta. Em nome do Senhor Assis Chateaubriand, desejo render a minha homenagem ao Marechal que compreendeu, num momento feliz desta Nação, que a energia é coisa completamente diversa da violência. Preferiu não ser um militar violento e ser um candidato enérgico. Êste é o juízo que faço de Teixeira Lott como homem. O juízo que vocês fazem dêle como candidato é assunto que só poderá ser decidido fora daqui, num momento em que o homem se torna mais sòzinho do que nunca ante uma decisão. Em frente à urna.
SEJA como fôr, seja quem fôr o eleito, nunca o Brasil presenciou uma festa democrática tão fascinante, um tal espetáculo de maturidade política. A presença do cidadão Teixeira Lott no proscênio, como vencedor ou vencido, é uma garantia de um fim feliz para a democracia.
VITORIOSO, êle saberá, todos nós estamos certos, conservar intacta a pureza dessa hóstia política, que é o voto, da qual emana o culto democrático.
VENCIDO, a sua atitude, como civil, será a daquele mesmo militar que se curvou noutros tempos à decisão soberana da Lei.
O EMBAIXADOR Assis Chateaubriand me pediu que, ao saudá-lo como hóspede desta casa, como a um dos cidadãos cuja presença engrandece qualquer pleito, fizesse, aqui, algo que fôsse assim como a profissão de fé dos Diários Associados. Algo que pudesse falar de nossas lutas pelo direito de cada um e pela dignidade de todos os sêres humanos, ameaçados pelas doutrinas de opressão e de aniquilamento dos valores morais políticos e econômicos.
ÊLE me pediu que lhe dissesse, francamente, que acredita que o eleito não o será com promessas atribuídas ao candidato, se essas promessas afetam as nossas tradições e põem em perigo os nossos destinos.
ÊLE sabe que a mesma espada, cuja lâmina afiada ajudou a manter a legalidade, garantirá o regime contra as interferências que procurem afastar-nos do destino americano. Sabe que estamos voando em uma avião continental e que voamos juntos ou caímos juntos.
ÊLE sabe que o Senhor Teixeira Lott é, acima de tudo, um cristão, um católico, e que, de acôrdo com as Escrituras, a Igreja tem ensinado a doutrina do direito natural, na idéia básica de que a lei justa deve corresponder ao justo direito de todos, uma vez que os indivíduos são titulares de direitos morais. Abdicar dêsses direitos não seria apenas pôr em risco a segurança nacional, mas a própria unidade da espécie humana. A palavra de ordem é manter a unidade continental a todo custo. As veteranas legiões romanas só eram invencíveis diante do valor indisciplinado das outras nações. Em nossos meridianos políticos, as fraturas partidárias, as dissensões internas, os desentendimentos continentais abrirão caminho fácil aos romanos de hoje, que, em vez de civilização, trazem a destruição de tôdas as liberdades essenciais.
A ONDE vais tu, esbelto infante?
Cidadão Lott, há uma constante tão singular na sua vida que vale mais do que a aparência dêsses estranhos frutos híbridos das maquinações políticas. Não importa saber com quem o Senhor esteja hoje nem quem estará ao seu lado amanhã, se eleito. Estamos certos de que não poderá estar contra o Brasil, êste País que a sua espada não permitiu, um dia, que fôsse transformado numa hospedaria de políticos fracassados, dêsses que só encontram na tirania militar a derradeira possibilidade de, por tabela, se conservarem no poder.

SEJA bem-vindo a esta casa, que é uma estalagem nacional, onde o arroz e o feijão diários são substituídos, esporàdicamente, nestes banquetes políticos, pelo caviar e pela vodka, apenas para lembrar aos candidatos que estas são as comidas e as bebidas que os oprimidos exportam, mas não comem nem bebem, porque é com os produtos destas divisas que êles nos pretendem comer e nos beber, suculentamente.
TEMOS a certeza, Senhor Teixeira Lott, que o Brasil jamais poderá resgatar a dívida de gratidão que contraiu com o Senhor, no dia em que, castigando a natureza, se tornou candidato. A sua mesma natureza, que não é autoflagelante, assegura o princípio, o meio e o fim da eleição de 3 de outubro. Mas, acima de tudo, assegura que haverá um vencedor. Para que não saia vencida esta Pátria que o Senhor como soldado, como marechal e como candidato está ajudando a se transformar em uma nação.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dia 19 de Abril, Dia do Índio e Exército Brasileiro (José Tibiriçá Martins)

Nota do Blog: 

O autor poderia ter registrado que 19 de abril é, também, o "Dia de Getúlio Vargas", pois o grande estadista, pai do trabalhismo brasileiro, nasceu no Rio Grande do Sul, em 19 de abril de 1882,  data que foi solemente comemorada, pela Câmara Municipal de São Borja, sua cidade natal, fato que repercutiu em todos os sites ligados ao Partido Democrático Trabalhista - PDT, fundado por Leonel Brizola, sendo depositário do ideal político de Vargas e de seus principais seguidores: Alberto Pasqualini, João Goulart e Leonel Brizola e Darcy Ribeiro.

(Edson Nogueira Paim escreveu)   

O artigo a que se refere o título acima é do teor seguinte:    
 
Nesta data, comemora-se duas datas importantes, o dia do Índio instituído pelo presidente Getúlio Vargas ao assinar o decreto-lei de 5.540, de 1943, tendo a participação do ilustre Índio Matogrossense, Marechal Candido da Silva Rondon na sua concretização. A partir da intervenção de Rondon, os Índios passaram a ser vistos sob outra ótica.

O índio não é incapaz, o que precisa é dar-lhe condições, como educação, ensinar-lhe uma profissão, integrá-lo na sociedade, dando-lhe independência para escolher o caminho que achar melhor, pois o que se vê hoje é muita exploração por parte de terceiros não interessados na sua emancipação, pois consequentemente acabaria a grante teta da Funani..

Estive na semana passada na Funai que hoje está funcionando na Avenida Marcelino Pires, em frente ao Ubiratã (madeira forte), tem boas acomodações, cujo prédio é alugado e por bom preço. O procurador que atendeu, um jovem baiano muito educado. Esta necessitando de informações para providenciar o registro de um índio desaldeado de nome Roberto que vive há muito tempo na Picadinha, nascido na fazenda Liberal, município de Caarapó (kaarapo=raiz da erva).


Lá antes, encontrei-me com o Dr Wilson de Matos Silva, filho do Sr Ataliba de Matos, filho de família pioneira de Douraados e de uma índia terena. Ele é advogado militante nessa comarca, reside na aldeia Jaguapiru (cachorro magro), homem inteligente, escreve bem e defende sua raça, é um mameluco, poisé filho de branco e índia. Conversamos sobre a localização do prédio da Funai, órgão que se diz destinado para resolver o problema indígena. Perguntei a ele, porque que o índio tem que vir de lá da Aldeia Bororó, Jaguapiru, Passo Saiju (amarelo), na beira do Rio Dourdos, onde na totalidade são quase 15.000 índios, fora os desaldeados. Ele não me deu uma resposta convincente, afinal é política do governo federal.
Por que a Funai não está instalada dentro da reserva? As terras da reserva indígena são da União, isso facilitaria ao índio, afinal ele seria atendido dentro do seu espaço no seu habitat,  seria mais fácil, pois muitos deles são pessoas carentes, existe lá muitos Karai = velhos que não têm condições de vir à cidade. É claro que alguns têm carro, não existe transporte coletivo para eles, afinal hoje a reserva de Dourados é um bairro urbano também com todos os problemas.
No órgão da funai local, existem 99,99999% de funcionários brancos, apenas um índia kaigangui ali trabalha, visto que a maioria está tomando o espaço do índio. Seria mais fácil o branco deslocar-se para trabalhar na reserva, pois o órgão dispõe de recursos.  Parece que a política implantada da Funai é temerosa, pois quando índio for integrado na sociedade vai ser extinto muito de muitos brancos que vêm de fora e não conhecem a realidade indígena. Disse ao procurador da Funai que um dos primeiros requisitos para se trabalhar na Funai seria seus funcionários falarem a língua do índio, no caso de Dourados o guarani-caiuá e terena. Ele ouviu, sorriu e ainda perguntei se na Bahia existiam muitos índios pataxós. Lembram-se daquele índio pataxó que foi queimado em Brasília? Um deles era filho de juiz, o que aconteceu com os carrascos? Ninguém falou mais nada. Assim os fatos acontecem, a globo divulga outros e o tempo passa e os bandidos ficam soltos, na porta dos Palácio dos Três Poderes. Vejam o que aconteceu com o cidadão que ateou fogo na Bandeira Brasileira. Onde está a segurança? Todo mundo depreda os órgãos, MST et caterva e quais são os resultados. Nenhum índio quebrou até hoje prédio público em Brasília.
O único ìndio bororo que se elegeu deputado federal pelo Rio de Janeiro pelo PDT, Juruna não se deixou corromper. Lembram-e no Colégio Eleitoral EM 1985, quando ele denunciou o deputado Paulo Salim Maluf, gravou em gravador a proposta de receber R$ 25.000,00 (vinte mil cruzeiros) pirapire, pelo voto? Era um verdadeiro pedetista da escola de Brizola e Darci Ribeiro, na época vice-governador que o conheci no manifesto em frente à Igreja Matriz por causa do assassinato do ìndio Marçal de Souza.
Maluf, desde que assumiu um cargo no governo, começando pela caixa econômica, antes de ser nomeado governador biônico de São Paulo, vem sendo denunciado, mas a população brasileira, a paulista principalmente é cega. Lembram-se quando ele foi candidato a presidente em 1989 e se dizia competente. Um outro candidato, no debate assim se expressou: sim és competente, compete, compete e não se elege a cargo executivo, apenas chegou a um, porque teve o dedo de alguém. Em São Paulo ele foi governador pela primeira vez, biônico porque conseguiu comprar os delegados  e vencer o banqueiro Paulo Setúbal, candidato indicado pelo Planalto.
Quem é corrupto? Ele não foi cassado, ainda conseguiu se reeleger por uma sociedade ainda corrupta do Estado de São Paulo.
Quanto a Rondon, ele nasceu na cidade de Mimoso, naquela época pertencia ao Município de Barão de Melgasso, Estado do Mato Grosso, em 5 de maio de 1865, ele é o patrono das comunicações. Seu pai era descendente de portugueses, sua mãe de Índio Bororo. Ao falecer seu pai, Rondon tinha 2 anos de idade; teve oportunidade de estudar, foi professor e depois ingressou no Regimento de Cavalaria em 1881, matriculando-se na Escola Militar do Rio de Janeiro. Foi indicado componente da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas, explorando sertões do Mato Grosso, no ano de 1892, quando Rondon passou a cuidar dos direitos dos indios. Sua tese era esta: “Matar nunca, morrer se necessário”. Coordenou uma expedição às margens do Amazonas junto com Teodoro e Roosevelt no ano de 1913 e do ano de 1927 a 1930, foi responsável em inspecionar as fronteiras do Brasil do Oiapoque até a divisa da Argentina com o Uruguai. Foi criador do Serviço Nacional de Proteção aos Índios e foi elogiado em 1913 pelo Congresso das Raças em Londres, ressaltando que a obra de Rondon deveria ser imitada para honra da Civilização Mundial. Recebeu o título de Civilizador do Sertão, no ano de 1939 pelo IBGE, pelo trabalho realizado junto aos indios. Foi considerado grande chefe pelos indios silvícolas e pelos civilizados, Marechal de Paz. No ano de 1956 Rondon recebeu uma grande homenagem, dando-se ao Território do Guaporé o seu nome, que hoje é denominado Estado de Rondônia, tendo também muitos nomes em vários estados em sua homenagem. Faleceu  no dia 19 de janeiro do ano de 1958. Seu nome completo é Cândido Mariano da Silva Rondon, deixou muitos descendentes da família Rondon, espalhados por nosso Estado e Mato Grosso.

O dia 19 de abril também é o dia do Exército, visto que seu berço é  a cidade de Guararapes (estrondo dos tambores, do tupi uarará'pe. Uarará - espécie de tambor indígena; e Pe - no (local). ...). Ali nasceu o Exército Brasileiro, aconteceu a Batalha de Guararapes no dia 19 de Abril de 1648.

Nos idos de 1.600 Portugal, disputando o poder na Europa, mantinha na Colônia um mínimo efetivo militar. Era assim difícil defender o vasto litoral e o extenso território. Sua população era física, culturalmente diferenciada, era habitada por europeus, africanos, os nativos, descendentes e miscigenados. O açúcar já valia muito dinheiro, era ouro no Velho Mundo.

Do continente europeu veio uma empresa comercial, escoltada pelos holandeses, que conquistou Recife e ficou por mais de 20 anos em Pernambuco.

Os portugueses tinham uma pequena milícia,  a ela uniram-se as lideranças locais, sob o comando do escravo alforriado Henrique Dias, o chefe indígena Poti que significa em tupi-guarani também camarão e vários crustáceos e em guarani excremento, cocô. Felipe Camarão e o capitão Antonio Dias Cardoso e outros. Pela primeira vez, houve um pensamento de união na pátria, sendo o invasor holandês expulso de Pernambuco e dessa união de raças nascia a nacionalidade brasileira e com ela, o Exército Brasileiro.

Parabéns Exército Brasileiro e o Índio pelo seu dia.

Dourados-MS, 19 de  Abril de 2001.
José Tibiriçá Martins Ferreira, advogado e produtor rural na Picadinha

terça-feira, 5 de abril de 2011

Dilma diz que país atingiu elevado nível de maturidade

Agência Brasil

Homenageada com medalhas militares, a presidenta Dilma Rousseff disse hoje (5) que tem orgulho da evolução democrática pelo qual passou a sociedade brasileira, ao ser consolidar como um país com Forças Armadas que detêm meios legítimos para garantir a defesa nacional.
"Um país que conta com Forças Armadas caracterizadas pelo estrito apego a suas obrigações constitucionais é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou um elevado nível de maturidade institucional", destacou Dilma, que foi presa e torturada durante a ditadura militar.
No discurso, a presidenta frisou que não enfraquecerá os investimentos na área militar. "Poderia parecer tentadora a noção de que a modernização e o dimensionamento das Forças Armadas constituiriam esforço ocioso, prejudicial ao investimento em outros setores prioritários, e isso é um grande engano, o certo é que defesa não pode ser considerada elemento menor da agenda nacional".
Segundo Dilma, um Brasil plenamente desenvolvido precisará de Forças Armadas equipadas, treinadas e modernas para o cumprimento de suas "funções constitucionais". Ela citou a importância das Forças Armadas brasileiras na defesa das riquezas da camada pré-sal.

Dilma recebeu a insígnia de Grã-Mestra da Ordem do Mérito da Defesa e também a Ordem do Mérito Militar, Ordem do Mérito Naval e Ordem do Mérito Aeronáutico. Dilma destacou que pela primeira vez a insígnia Grã-Mestra foi entregue a uma mulher. Após a cerimônia, a presidenta participou da apresentação de novos generais oficiais. Os representantes da três Forças, Exército, Marinha e Aeronáutica, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, estiveram ao lado de Dilma durante as cerimônias.

Quando foi empossada presidenta, recebeu automaticamente a Grã-Cruz, mais elevado grau de condecoração de todas as ordens.

sábado, 2 de abril de 2011

Revolta dos 18 do Forte de Copacabana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Os 18 do Forte.jpg
Da esquerda para direita, tenentes Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Newton Prado e o civil Otávio Correia.
Conflitos na História do Brasil
Período Republicano
República Velha
Revolta da Armada: 1893-1894
Revolução Federalista: 1893-1895
Guerra de Canudos: 1893-1897
Revolta da Vacina: 1904
Revolta da Chibata: 1910
Guerra do Contestado: 1912-1916
Sedição de Juazeiro: 1914
Greves Operárias: 1917-1919
Revolta dos Dezoito do Forte: 1922
Revolução Libertadora: 1923
Revolução de 1930: 1930
Era Vargas
Revolução Constitucionalista: 1932
Intentona Comunista: 1935
Levante Integralista: 1938
Regime Militar
Guerrilha do Caparaó: 1967
Guerrilha do Araguaia: 1967-1974

A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ocorreu em 5 de Julho de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, então capital em Distrito Federal, no Brasil.

Foi a primeira revolta do movimento tenentista, no
contexto da República Velha brasileira.

Índice

História

Antecedentes

Durante a campanha eleitoral de 1921, o jornal "do Povo", na edição de 9 de outubro, publicou uma carta manuscrita, atribuída ao candidato do governo, Artur Bernardes, governador de Minas Gerais.

Nele o ex-presidente da República Marechal Hermes da Fonseca era chamado de "sargentão sem compostura", acusando o Exército de ser formado por elementos "venais".

Artur Bernardes Franco negou veementemente a autoria da carta, vindo o mesmo periódico a publicar uma segunda carta, no mesmo tom da primeira e como ela, atribuída ao mesmo candidato.

A comoção causada foi enorme, principalmente entre os militares, representados no Clube Militar, sob a presidência do próprio Marechal.

Mais tarde seria descoberto que as assinaturas nas cartas eram forjadas.

Nas eleições de 1° de março de 1922 Artur Bernardes saiu-se vencedor, embora os resultados oficiais houvessem sido contestados pela oposição. Com o clima político tenso, em Pernambuco, o Exército foi chamado para conter rebeliões populares, descontentes com o novo Governo estadual.

No dia 29 de junho, Hermes da Fonseca telegrafou ao Recife, exortando os militares a não reprimirem o povo, sendo, por essa razão, preso no dia 2 de julho e o Clube Militar fechado.

A prisão de Hermes da Fonseca, a mais alta patente militar do país, e o fechamento do Clube Militar por decreto presidencial, foram recebidos como uma afronta aos militares do Exército. E estes já estavam bastante descontentes com o fato de um civil - o historiador Pandiá Calógeras - ocupar o cargo Ministro da Guerra, tendo sido nomeado pelo presidente da República anterior, Epitácio Pessoa.
Em todos os quartéis do Rio de Janeiro comentava-se que "a procissão ia sair".
O movimento deveria se iniciar a partir do Forte de Copacabana, a uma hora da madrugada do dia 5 de julho. Na data marcada, porém, só a Escola Militar e o Forte de Copacabana se levantaram.

Cercados pelas forças leais ao Governo Federal, não tiveram alternativa a não ser entregar-se.

A revolta do Forte de Copacabana

Tenentes vão de encontro às forças legalistas, na Avenida Atlântica, Rio de Janeiro.
Placa comemorativa dos 18 do Forte em frente ao Forte de Copacabana

Quem comandava o Forte de Copacabana, na ocasião, era o capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca. No dia 4 de julho, Euclides exortou os seus comandados, tendo feito escavar trincheiras desde o portão do Forte até o farol, minando-se o terreno.

Tendo sido estabelecido que o movimento se iniciaria a uma hora da madrugada do dia 5, a uma e vinte o tenente Antônio de Siqueira Campos disparou um dos canhões, sinal combinado. A guarnição aguardou em silêncio a resposta de outras unidades, o que não aconteceu. O Governo, informado do movimento, antecipara-se e fizera trocar os principais comandos militares da capital.

Siqueira Campos, então, disparou contra o Quartel-General do Exército (no Campo de Santana, atual Palácio Duque de Caxias), o da Marinha (na Praça Barão de Ladário), o Depósito Naval e o Forte do Leme, matando quatro pessoas neste último.

Outros autores afirmam que foram disparados tiros, ainda, contra a Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói, e contra o Forte de São João, no bairro da Urca.

Durante todo o dia 5, o Forte de Copacabana sofreu intenso bombardeio pela artilharia da Fortaleza de Santa Cruz. Na madrugada do dia 6, o Ministro da Guerra, Pandiá Calógeras, telegrafou ao Forte, exigindo a rendição dos rebeldes.

O capitão Euclides Hermes e o tenente Siqueira Campos permitiram, então, a saída de todos aqueles que não quisessem combater.

Dos 301 homens da guarnição, saíram 272. Enquanto isso, os encouraçados São Paulo e Minas Gerais, e um destróier posicionaram-se ao largo da ilha de Cotunduba, passando a bombardear o Forte.

O Ministro Calógeras telegrafou uma vez mais, passando Governo e rebeldes a parlamentar. Como consequência, o Capitão Euclides Hermes saiu ao encontro do Ministro no Palácio do Catete, onde recebeu voz de prisão.

Encerrara-se o diálogo com um ultimato do Governo: ou os rebeldes se renderiam ou seriam massacrados.

Sob o bombardeio naval, o tenente Siqueira Campos pressionado pelos remanescentes da tropa tomou a decisão suicida: não resistiram no Forte e nem bombardearam a cidade, como haviam chegado a ameaçar.

Saíram em marcha até ao Palácio do Catete combatendo.

A canivete, uma bandeira brasileira foi cortada em vinte e nove pedaços e distribuída entre os rebeldes: um pedaço foi guardado para ser entregue ao capitão Euclides Hermes.

Às 13 horas do dia 6 de julho, iniciaram a marcha pela Avenida Atlântica. Um número até hoje não determinado se rendeu ou debandou. Na altura do antigo Hotel Londres, restavam dezessete militares revoltosos , aos quais se juntou o engenheiro civil gaúcho Otávio Correia, amigo do tenente Siqueira Campos.

Após alguns tiroteios, ao alcançarem a altura da antiga rua Barroso (atual Siqueira Campos), os dez homens restantes (nove militares e o civil) foram confrontados pela tropa legalista (integrada por cerca de três mil homens).

No confronto final, um tiroteio que durou aproximadamente trinta minutos, foram capturados, feridos, os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes, e dois soldados. Os demais faleceram em combate muito desigual. Os soldados vieram a falecer posteriormente, no hospital, em consequência dos ferimentos recebidos, tendo apenas Eduardo Gomes e Siqueira Campos sobrevivido à caminhada.

Baixas do confronto final[1]

tenentes soldados civil
Siqueira Campos - ferido a bala no abdômen Hildebrando Nunes Otávio Correia
Eduardo Gomes - ferido a bala na virilha José Pinto de Oliveira
Mário Carpenter Manoel Antônio dos Reis
Newton Prado